Sucesso de crítica e público, “Divertida Mente 2” arrastou multidões aos cinemas para acompanhar a história de Riley, uma menininha que está entrando na adolescência e precisa aprender a lidar com sentimentos antes desconhecidos. Na realidade, reconhecer e compreender as emoções também pode ser um desafio para muitas crianças e, em alguns casos, a psicoterapia é uma opção para ajudá-las a passar por esse processo.
No entanto, não é necessário um grande evento para que a criança experimente algum desconforto emocional e precise de ajuda para lidar com isso. Situações do cotidiano, como a dinâmica entre irmãos ou a quebra de expectativas parentais também são fatores comuns para que os cuidadores busquem a psicoterapia. “De maneira geral, ela é indicada quando pode ser importante que as experiências infantis sejam significadas e experimentadas em um contexto seguro e quando os pais podem se beneficiar de orientações sobre as situações vivenciadas”, explica.
Por fim, diagnósticos de neurodivergência, como transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e dificuldades de adaptação dos pequenos podem exigir acompanhamento profissional. “Essas condições podem estabelecer desafios emocionais, comportamentais ou sociais que impactam o bem-estar da criança. A terapia pode auxiliar na promoção de estratégias adaptativas para lidar com essas dificuldades, proporcionando um ambiente seguro para que a criança desenvolva habilidades de comunicação, interação social e regulação emocional.”
A partir de que idade as crianças podem fazer psicoterapia?
Crianças de qualquer idade podem fazer psicoterapia, mas, naturalmente, as abordagens são diferentes dependendo da idade do paciente. O professor do curso de Psicologia da UP Romano Zattoni afirma que “crianças podem fazer psicoterapia desde uma idade muito tenra, até mesmo no primeiro ano de vida existe o trabalho com psicólogos, caso já se identifiquem questões do desenvolvimento ou indícios de que alguma espécie de problema pode vir a se instaurar”. Quando o trabalho é iniciado assim, tão cedo, a participação dos pais ou responsáveis é fundamental para o bom andamento do processo terapêutico, “focando na orientação parental e na criação de ambientes mais favoráveis ao desenvolvimento emocional e comportamental da criança”, lembra Denise.
Cuidados necessários
Zattoni ressalta que, ao buscar um profissional para atender os pequenos, é preciso considerar a especialidade desse psicoterapeuta e o acolhimento que ele oferece também à família. É indispensável que seja um profissional especializado na psicoterapia infantil porque esses pacientes têm necessidades específicas que exigem cuidado e conhecimento. Quanto à relação com a família, “os pais também devem se sentir à vontade para compartilhar questões e para se sentir ouvidos também por essa ou por esse profissional, que deve também acolhê-los em seu sofrimento. Isso porque, muitas vezes questões que os pais estejam vivendo terão também influência nas questões da criança”.
Além disso, não se pode esquecer de que o foco do tratamento deve estar na criança e, portanto, o ambiente oferecido a ela, tanto físico quanto emocional, deve ser acolhedor e seguro. “É importante que esse seja um espaço em que a criança se sinta à vontade para expressar suas emoções e comportamentos”, alerta Denise.
Participação da família é fundamental
“O trabalho com crianças em clínica não se constrói sem a presença da família. Os pais e responsáveis atuam como importantes agentes e consolidadores de mudança, pois são eles que vivenciam o dia a dia da criança e podem levar as questões discutidas em sessão para ambiente familiar”, aconselha a psicóloga. Ela pontua que é por meio da família que o terapeuta pode conhecer melhor a criança, visto que, muitas vezes, elas ainda não conseguem falar sobre si mesmas.
Alguns dos fatores necessários para que a família contribua com o processo terapêutico, diz, são honestidade, abertura, comunicação e engajamento. “É bastante frequente que as fontes de sofrimento e dificuldade das crianças tenham relação com as próprias fontes de sofrimento e dificuldade dos pais. Assim, a honestidade para identificar essas relações e abertura para alterá-las, conforme sugestões do psicoterapeuta, podem ser partes importantes do processo.” Os pais precisam, ainda, acompanhar regularmente as sessões, com disponibilidade para realizar sessões eles mesmos, e estar dispostos a refletir sobre o papel da dinâmica familiar no comportamento da criança. “Essa parceria entre pais e terapeuta é crucial para que o processo psicoterapêutico tenha resultados efetivos e duradouros”, finaliza.
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