Criada nos Estados Unidos na década de 1960, a Black Friday já é uma tradição consolidada em vários países do mundo, sempre na última sexta-feira de novembro. Grandes descontos, promoções relâmpago, preços exclusivos e imperdíveis são os grandes atrativos da data, que promete ser uma das mais movimentadas também no comércio brasileiro. O ano de 2024 ficará marcado tanto pelas novas tendências como também por velhas práticas, ambas ganhando força.
No Brasil, a Black Friday começou a se tornar popular a partir de 2010, com significativo crescimento especificamente a partir de 2015, quando o comércio eletrônico passou a ter presença mais intensa no cotidiano de muitos clientes. Apesar de ganhar força ao longo da última década, o evento ainda não atingiu todo o seu potencial por aqui, principalmente devido a problemas culturais como o mascaramento de preços por parte de alguns lojistas.
De acordo com o doutor em Administração e professor de pós-graduação na Universidade Positivo (UP) Sérgio Czajkowski Júnior, “existe um receio por parte de muitos clientes, e ele é justificado, de que, aqui no Brasil, exista uma ‘Black Fraude’, já que, diferente dos Estados Unidos, onde os descontos têm um peso real; aqui esse desconto, muitas vezes, não é realmente valioso ou interessante, do ponto de vista do custo-benefício”, afirma. Ele pontua algumas tendências para a Black Friday deste ano.
Inteligência artificial
O uso mais massificado da inteligência artificial deve ter relativa influência na Black Friday deste e dos próximos anos. “A tendência é que você potencialize tanto programas de fidelidade quanto possibilidades de personalização de ofertas para determinados perfis de clientes usando os recursos tecnológicos e demais inovações disponíveis”, observa Czajkowski, que estuda as aplicações da IA em diferentes processos no pós-doutorado.
Promoções estendidas
O nome faz menção a uma sexta-feira, mas, em terras brasileiras, as promoções que deveriam ser aplicadas apenas em um dia acabam se estendendo ao longo de até um mês. Em 2024 não deve ser diferente. “Nos Estados Unidos trata-se, sim, apenas de um dia de descontos, mas, aqui, as empresas sempre optam por promover a ‘semana de Black Friday’ ou a ‘quinzena de Black Friday’, com descontos por vários dias consecutivos.”
Em Curitiba, o Ventura Shopping, por exemplo, optou por estender as ações de Black Friday aos dois dias seguintes, abrangendo todo o fim de semana. De 29 de novembro a 1o de dezembro, haverá uma loja específica da Black Friday dentro do shopping, onde os consumidores podem encontrar produtos de diversas lojas a preço de custo, além de promoções relâmpago em itens como vestuário, calçados e eletrônicos. "O próprio shopping decidiu garantir, por meio de uma curadoria, que dentro dessa loja todos os produtos sejam oferecidos pelo menor preço possível", afirma a gerente de Marketing do Ventura, Daniela Leal.
Boas ofertas também em lojas físicas
Nem só de vendas on-line se faz uma Black Friday. O professor ressalta que, em 2024, os lojistas, sempre que possível, também devem focar esforços para atrair os clientes para as lojas físicas, não só pelas ações promocionais, mas também como forma de fortalecer as políticas de CRM.
Após o confinamento decorrente das medidas sanitárias, as pessoas estão desejosas em sentir novas emoções e viver experiências inusitadas e impactantes. Tal movimento se configura, inclusive, como uma tendência pós-pandêmica. “Ao longo dos últimos anos, as pessoas têm comprado mais pela internet, influenciadas principalmente pelas restrições da pandemia. De volta ao presencial, os consumidores devem ficar de olho nas ofertas das lojas físicas, que têm se tornado cada vez mais interessantes, com os comerciantes tentando atrair o público de volta para seus espaços”, comenta.
Nem toda promoção é para você
“Os consumidores estão cada vez mais conscientes e tomando decisões mais planejadas. Isso significa que é mais difícil ‘enganá-los’ com promoções tipo ‘a metade do dobro’. Mesmo assim, é importante ter em mente que mesmo as ofertas que parecem mais atrativas nem sempre são para você. Vale a pena fazer uma lista dos itens mais necessários para não perder o controle dos gastos e acabar comprando mais do que pode pagar”, alerta Czajkowski.
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