De acordo com uma pesquisa da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), divulgada em abril de 2023, sete em cada dez mulheres com câncer no Brasil enfrentam separação conjugal durante o tratamento do câncer de mama. Conforme a ginecologista e especialista em sexualidade Camila Prestes, o diagnóstico de câncer pode gerar mudanças profundas nas relações dos pacientes, afetando tanto a saúde mental quanto a vida sexual.
Segundo ela, no consultório, muitas mulheres relatam que o tratamento da doença, em alguns casos, pode ocasionar falta de libido, segurança vaginal, dor durante as relações e, em alguns casos, a mastectomia pode afetar a autoestima. "Esses fatores fazem com que muitas pacientes evitem viver sua sexualidade. Buscar ajuda profissional é importante, pois a relação sexual deve ser prazerosa, não uma obrigação. Além disso, contar com um parceiro que oferece apoio, mantém a calma e a paciência durante esse período é essencial para que a mulher se sinta segura", explica a médica.
Ana Maria Mathias de Lima, 56 anos, dona de casa, recebeu o diagnóstico de câncer há três anos. Após finalizar o tratamento mais intenso, ela continua em acompanhamento médico, com uso de medicamentos. Mesmo diante do desafio, Ana procurou manter uma rotina positiva, incluindo atividades físicas, se alimentando de forma saudável e cuidando de si com carinho. “Sempre fui otimista e tentei levar a vida de maneira leve, incluindo a sexualidade”, conta. A paciente destaca a importância do apoio do marido nesse período: "Ele sempre me fez sentir amada, e isso permitiu viver minha sexualidade de forma mais tranquila e prazerosa, como deve ser", relata.
A experiência de Ana reforça que, mesmo diante de um diagnóstico difícil, a presença de um parceiro pode ajudar a construir um caminho de cura e resiliência, destaca Camila. “Sempre reforço para as minhas pacientes que é possível viver a sexualidade durante e após o tratamento e que as relações íntimas podem desempenhar um papel positivo no enfrentamento da doença”, explica.
Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), a sexualidade influencia pensamentos, sentimentos, ações e interações e, portanto, a saúde física e mental. “O ato sexual pode ser um momento de pausa e bem-estar durante o tratamento do câncer, proporcionando prazer e conforto. A sensação de ser amada e acolhida, mesmo em meio às dificuldades, é fundamental para o processo de cura”, afirma a especialista.
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