Estimular a criatividade é fundamental para o desenvolvimento infantil e por mais que os brinquedos estejam no topo da lista de presentes para o fim de ano, eles não são a única forma de fazer isso. Ficar sem fazer nada também pode ser estimulante para o cérebro.
De acordo com a psicóloga Alexia Lopes, professora do curso de Psicologia do UniCuritiba – instituição da Ânima Educação – a criatividade é inerente ao ser humano, mas precisa ser estimulada e desenvolvida. “Produtos prontos e acabados limitam a criatividade e a narrativa da brincadeira, pois não permitem que a criança crie suas próprias histórias e explore novas formas de interação.”
Quando o entretenimento é guiado e fechado, explica a especialista, a capacidade de improvisar, imaginar e solucionar problemas fica prejudicada. “Por isso, é importante oferecer oportunidades para que a criança invente, construa e experimente por conta própria, desenvolvendo assim habilidades cognitivas e emocionais essenciais para o seu crescimento”, diz Alexia.
Para evitar que as crianças se cansem rapidamente dos brinquedos, os pais, tios, padrinhos e avós podem oferecer materiais alternativos e se dispor a brincar junto. “Os adultos podem ser parceiros na hora de inventar objetos e brincadeiras, mas quem deve conduzir o processo é sempre a criança”, continua Alexia.
Segundo a professora, essa abordagem ressalta a importância do papel ativo dos adultos como facilitadores do processo lúdico, sem tirar da criança o protagonismo da brincadeira. “Ao oferecer materiais não convencionais, como caixas, tecidos ou até objetos encontrados em casa, os adultos podem inspirar a criatividade sem impor regras rígidas. Além disso, ao participar ativamente, pais e outros familiares ajudam a fortalecer o vínculo afetivo com a criança, criando um ambiente de confiança e cooperação.”
No entanto, é essencial lembrar que a autonomia da criança deve ser respeitada, permitindo que ela explore, experimente e crie suas próprias narrativas, promovendo assim um desenvolvimento mais rico e criativo. “Essa abordagem reforça habilidades socioemocionais, como a resolução de problemas e a imaginação, que são fundamentais para o desenvolvimento integral”, completa a psicóloga.
Como escolher o melhor brinquedo
Especialista em comportamento do consumidor e professor do UniCuritiba, Sérgio Czajkowski Júnior destaca que as lojas especializadas oferecem inúmeras opções de brinquedos, o que pode dificultar a escolha.
Uma dica valiosa para quem deseja incentivar a criatividade das crianças é dar preferência aos presentes lúdicos, que podem ser personalizados e que estimulam o protagonismo infantil.
Essas opções, diz o professor, exigem mais criatividade por parte das crianças e, ao mesmo tempo que expandem os horizontes infantis, também potencializam habilidades criativas, fortalecem o raciocínio crítico e melhoram a coordenação motora.
“Jogos de memória, quebra-cabeça, blocos de madeira ou de plástico, conjuntos de peças que se encaixam e permitem que a criança monte seu próprio brinquedo são alguns exemplos”, afirma o consultor nas áreas de Marketing de Serviços e de Varejo.
Brincadeiras criativas
Segundo os professores do UniCuritiba, os brinquedos devem incentivar a reflexão e estimular a criatividade, permitindo que as ideias aflorem. “Qualquer estímulo que leve à criação de hipóteses e estimule a expressão, a criação de diferentes cenários, a imaginação e ensine sobre resolução de conflitos é importante para desenvolver a inteligência emocional”, ensina Alexia.
Nesse contexto, o ócio ganha papel fundamental. A psicóloga diz que quando a criança não recebe tudo pronto, ela precisa inventar suas brincadeiras, construir os cenários e desbloquear a mente. “É brincando livremente que ela tem a liberdade de errar, aprender e recomeçar, sem julgamentos.”
Isso não significa, por exemplo, que seja necessário descartar completamente o uso de jogos eletrônicos ou de outros brinquedos modernos.
O professor Sérgio Czajkowski Júnior, que se dedica aos estudos sobre a Sociedade 5.0, comenta que, diante da Revolução Digital, não se pode ignorar o fato de que os avanços tecnológicos estão presentes na rotina das crianças, sendo igualmente relevantes para o desenvolvimento intelectual e motor.
O ideal, explica o especialista, é equilibrar todos esses recursos e oferecer múltiplas opções de entretenimento para as crianças, que vão de jogos eletrônicos a brincadeiras livres; ou de atividades esportivas ao ócio. Esse tempo sem nada para fazer pode aprimorar o conhecimento das crianças sobre o mundo e trazer respostas para inquietações.
Dicas para estimular a criatividade infantil sem gastar muito
O varejo está otimista para as vendas de fim de ano, especialmente com a proximidade da Black Friday. Mas se dinheiro é problema, os professores do UniCuritiba dão dicas econômicas para que o fim de ano não passe em branco.
● Artes e atividades manuais: desenhar, pintar, colorir ou construir os próprios brinquedos são atividades perfeitas para entreter e estimular a criatividade, além de trabalhar a coordenação motora.
● Brinquedos de faz-de-conta: reunir as crianças para montar uma cabana de lençóis no meio da sala é uma forma de se divertir sem gastar nada e ainda estimula o desenvolvimento do pensamento, da linguagem, o trabalho em equipe e a teatralização.
● Brincadeiras ao ar livre: levar a meninada para brincar perto da natureza, em parques, por exemplo, ajuda no desenvolvimento emocional e social, desenvolve a liderança e estimula a tomada de decisões.
● Desafios e gincanas: que tal promover uma caça ao tesouro com tarefas que envolvam contar uma história, fazer mímica, desenhar algo ou usar a lógica para encontrar novas dicas? Essa é uma maneira divertida de aproveitar o Dia das Crianças em família.
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