Com um tablet, computador ou mesmo celular nas mãos, crianças de todo o mundo têm acesso a uma infinidade de jogos on-line. De acordo com estudo realizado pela Universidade de Amsterdam, na Holanda, e pelo Instituto Karoliska, na Suécia, passar muito tempo jogando videogames pode aumentar a inteligência. Os resultados foram publicados na revista Scientific Reports e mostram um aumento de cerca de 2,5 pontos no QI de crianças que tinham esse hábito.
Enquanto a ciência tenta entender as influências positivas e negativas dos jogos eletrônicos para o desenvolvimento infantil, a apropriação desses recursos pela educação formal parece ser um movimento definitivo. Especialistas defendem que usar recursos digitais, principalmente jogos, é uma forma de atrair a atenção dos estudantes para conteúdos trabalhados em sala de aula e fixar os conhecimentos. Para a coordenadora de conteúdo digital do Sistema de Ensino Aprende Brasil, Giselle Corso, essa estratégia é fundamental para dialogar com as novas gerações de estudantes. “Há uma certa dificuldade de engajamento, na sala de aula, porque muitas crianças estão habituadas às possibilidades de interatividade oferecidas pelas telas. Então, na comparação, os livros e cadernos podem parecer monótonos. Trazer os games para dentro desse espaço é uma forma de unir os dois mundos”, sugere.
Ensino público pode se beneficiar de gamificação
Trazer essas soluções para o âmbito do ensino público brasileiro é um desafio, mas pode representar um ponto de virada importante para os estudantes dessa imensa rede. Segundo dados do Censo Escolar 2021, divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), 49,6% dos estudantes brasileiros frequentam escolas municipais, enquanto outros 32,2% estão matriculados em escolas estaduais. Isso significa que mais de 81% das crianças e adolescentes em idade escolar no país estão no ensino público.
Giselle explica que, mesmo com todas as adversidades envolvidas na educação pública, é nela que reside o grande potencial transformador do ensino. “Se temos a maior parte das nossas crianças nas escolas públicas, precisamos oferecer a elas os melhores estudos possíveis. Só assim poderemos construir um país melhor”, ressalta. Os jogos on-line com objetivo pedagógico são uma das formas de fazer isso. Atualmente, há uma boa variedade de conteúdos gamificados que ajudam a fixar os assuntos trabalhados pelos professores em sala de aula. “Por meio dos jogos on-line, jovens e crianças conseguem revisar as matérias e desenvolver a curiosidade por diversos assuntos ao mesmo tempo. Isso permite que eles explorem possibilidades novas durante o processo de aprendizagem”, destaca.
Três jogos on-line para ensinar brincando
Da Língua Portuguesa à música, todo assunto trabalhado dentro da escola pode ser ensinado também com a ajuda da gamificação. Giselle pontua alguns desses conteúdos que podem contribuir para o desenvolvimento infantil.
Passaporte para o Mundo
Esse jogo on-line e gratuito ensina Geografia por meio de atividades lúdicas. O primeiro passo é, como com um quebra-cabeças, montar diversos mapas. Cada etapa cumprida dá direito a “passagens virtuais” para destinos turísticos, com curiosidades e detalhes sobre os lugares visitados.
Eu sou DJ
Escolhendo as notas, ritmos e instrumentos musicais, as crianças vão descobrindo o universo da música. Comandar as “pick-ups” virtuais é fácil com o “Eu sou DJ”, jogo criado para apresentar esse mundo aos pequenos e incentivar o interesse deles pela música.
Charadas do Corpo Humano
Descobrir as partes do corpo e aprender as funções de cada uma é mais divertido quando se está jogando. O “Charadas do Corpo Humano” foi idealizado para ensinar a localização e o que fazem os principais órgãos do corpo. Muito interativa e colorida, a plataforma pede primeiro que o estudante encaixe cada órgão no local correto. Depois, é preciso responder a perguntas sobre eles e, por fim, identificar a que órgão se referem algumas curiosidades.
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