Maísa Pannuti*
O Brasil é considerado um dos países mais ansiosos do mundo, sendo que cerca de 12 milhões de pessoas sofrem de depressão. Somado a isso, a pandemia trouxe ainda um grande impacto à saúde mental da população, destacando-se como causas o isolamento, o medo, a crise econômica e as perdas em geral. Esses dados tão alarmantes ensejam a reflexão a respeito da importância da discussão aberta sobre saúde mental.
Considerando que vivemos sob a égide do imperativo da felicidade, normalmente saúde mental tem sido confundida com a ideia de estarmos sempre felizes. Vivemos em uma sociedade de perfis, na qual as redes sociais passaram a ser uma nova realidade. Nelas, existe a hiperexposição e a falta de limites claros entre o que é público e o que é privado, de modo que, assim, as relações sociais foram se transformando. Nesse cenário, será que existiria um estado de felicidade perene? O que seria saúde mental?
De acordo com a OMS, a saúde é definida como um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas como ausência de doenças. Especificamente no caso da saúde mental, na ausência de uma definição oficial, podemos caracterizá-la como a forma como as pessoas reagem aos desafios e mudanças da vida e lidam com suas emoções, em última instância, com a capacidade de entristecer-se e situar-se novamente.
Nesse sentido, é preciso ter cuidado com os estigmas que recaem sobre os indivíduos que passam por situações de sofrimento psíquico, algo muito comum em nossa sociedade e fato que advém do desconhecimento. É preciso que todos estejam abertos a conhecer e acolher essas condições, sem qualquer tipo de julgamento, pois falar sobre saúde mental deveria ser tão natural quanto falar sobre uma doença física.
Em nossas escolas, esse cuidado se revela de várias formas: em primeiro lugar, nossa equipe procura manter-se constantemente aberta para ouvir os alunos em um ambiente seguro e acolhedor. Além disso, faz parte das capacitações obrigatórias dos profissionais que atuam em nossas instituições a formação para prestar o primeiro atendimento em casos de crises envolvendo emergências psicológicas, tais como crises de ansiedade, ataques de pânico, ideação e tentativa de suicídio e autolesão, a partir de protocolos elaborados pela equipe de Psicologia Escolar. Por fim, mas não menos importante, são trabalhados de forma transversal em nosso currículo, assim como em disciplinas específicas, temas ligados ao desenvolvimento da empatia, do respeito, da cooperação, entre outros.
* Maísa Pannuti, psicóloga, mestre e doutora em Educação, é especialista em Psicologia no Centro de Inovação Pedagógica, Pesquisa e Desenvolvimento (CIPP) dos colégios do Grupo Positivo: Colégio Positivo, Vila Olímpia, Positivo International School, Semeador e Passo Certo.
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