Notas de zero a dez já não são suficientes. Com quase seis meses de aplicação do Novo Ensino Médio, as avaliações nos Itinerários Formativos ainda são um caminho cheio de possibilidades para escolas, professores e estudantes. Se, no modelo tradicional, ser avaliado sempre foi quase um tabu, o novo formato permite mais flexibilidade para entender melhor como os jovens aprendem.
Especialistas defendem que as salas de aula, hoje, estão cada vez mais heterogêneas. Isso significa que, em uma turma, há diferentes tipos de inteligência - e cada uma delas precisa ser valorizada, e não excluída. Para o assessor da área de Física do Sistema Positivo de Ensino, Danilo Capelari, essa é a oportunidade para permitir o desenvolvimento de competências que serão necessárias para esses jovens durante toda a vida. “As principais habilidades que serão exigidas dos estudantes nos próximos anos são as de cunho socioemocional. Há pesquisas que mostram que a geração Z vai trocar de carreira em média cinco vezes durante a vida. Isso exige que esses estudantes desenvolvam habilidades e não apenas saibam os conteúdos formais”, explica.
É por isso que os Itinerários Formativos trabalham os conteúdos aplicando, na prática, o conceito de interdisciplinaridade. Eles também permitem que esses conteúdos sejam vivenciados de uma forma muito mais prática, o que ajuda a entender os conceitos e consolidar o conhecimento. “Essas são as aulas que, como professores, sempre quisemos dar, mas não tínhamos tempo ou espaço. Com as avaliações não é diferente, precisamos nos permitir experimentar novas formas de avaliar”, ressalta.
Para ele, a partir dos objetos e conteúdos trabalhados, e aplicando os princípios da avaliação formativa, por exemplo, é possível chegar a um entendimento mais completo sobre o que cada estudante realmente absorveu daquilo que foi trabalhado. A avaliação formativa é contínua e ajuda o professor a acompanhar a evolução dos alunos em relação ao que é abordado e debatido em sala de aula. No caso dos Itinerários Formativos, esse tipo de avaliação é mais eficaz que a avaliação somativa, aquela que atribui notas e/ou conceitos para cada estudante com base na resolução de um determinado número de questões.
Muitas vezes, diz o especialista, durante uma avaliação somativa, o enfoque dado pelo professor pode gerar distorções na nota final. “Acontece de o professor colocar o foco da avaliação em uma parte do conteúdo, enquanto aquele estudante específico se preparou mais intensamente sobre outra parte”, exemplifica. Além disso, também é possível que, sob a pressão da avaliação, o jovem não se saia bem, enquanto, em uma conversa, ele demonstra total conhecimento dos assuntos trabalhados. “Nossos alunos possuem inteligências múltiplas, como a lógico-matemática´, a naturalista, a musical, entre outras. Quando avaliamos com um único instrumento de dez questões, por exemplo, estamos, muitas vezes, contemplando um único tipo de inteligência. O instrumento de avaliação precisa se basear na equidade, e não na igualdade”, finaliza.
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