Aprovado em 2017, o Novo Ensino Médio passou a ser obrigatório nas escolas de todo o Brasil a partir deste ano. Entre as novidades trazidas pela Lei de Diretrizes e Bases está o Projeto de Vida, um espaço para que os estudantes pensem sobre sua trajetória pessoal e profissional.
Essa orientação mais focada no desenvolvimento de habilidades que serão úteis não apenas na carreira, mas também na vida cotidiana dos estudantes, é uma das novidades que trazem uma visão mais humanizada dessa fase escolar. Para a coordenadora editorial do Sistema Positivo de Ensino, Milena dos Passos Lima, essa é uma oportunidade de promover uma abordagem dos jovens como seres humanos completos e complexos. “Nessa fase do Ensino Médio, o estudante responde às duas perguntas mais importantes da vida: quem eu sou e quem eu quero ser. E agora ele tem o apoio do Projeto de Vida para pensar em sua identidade e trajetória, alinhadas a seus talentos e a toda a questão profissional”, detalha. Afinal, depois dos anos passados entre as paredes da escola há todo um mundo de vivências e experiências esperando por cada adolescente que termina o Ensino Médio.
O Projeto de Vida tem três pilares de atuação: pessoal, social e profissional. Essas esferas estão em constante dinâmica na vida de todas as pessoas e representam eixos fundamentais para trabalhar a autonomia que o jovem precisa para fazer boas escolhas. A educadora destaca que esses três pilares são a base para que se faça um bom trabalho com o projeto. “Se prestarmos atenção, as esferas dizem respeito a três relações importantes: eu comigo, eu com o outro e eu com o mundo. Quando nos centramos nessas questões, percebemos essas inter-relações, o quanto estou sendo influenciado ou influencio as pessoas, quanto aprendo com elas, quanto ensino a elas. Tudo isso é determinante na formação da personalidade e das escolhas de cada um”, explica.
Projeto de Vida não é orientação vocacional
Uma prática comum em muitas escolas, há muitos anos, é a orientação vocacional. Trata-se de uma forma de guiar os jovens em direção a decisões profissionais mais seguras e assertivas. Mas, ainda que possam ser confundidos, orientação vocacional e Projeto de Vida não são a mesma coisa. “A orientação vocacional é mais focada na carreira, em trabalhar o que o aluno gosta e tentar encaixar isso na escolha do curso superior. O Projeto de Vida é mais amplo e detalhado, ele vai pensar como atingir esse objetivo, a rotina necessária de estudos, quais são meus sonhos, como aprender com biografias de pessoas que já trilharam esse caminho e tudo mais”, explica Milena.
Além da diferença na abordagem, há uma distinção também em quem desempenha esse papel dentro da escola. Enquanto o orientador vocacional muitas vezes é um psicólogo ou psicopedagogo, o Projeto de Vida não necessariamente tem um desses profissionais envolvido. “O Projeto de Vida pode ser abraçado por outros educadores da escola, que já têm mais proximidade com os estudantes e podem desempenhar esse papel. Essa aproximação é fundamental para trazer elementos fortemente pessoais para a orientação oferecida”, completa.
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