Yasmin Stavis Kras e Manuela Bonatto Xavier da Silveira investigaram “Os impactos causados pelo grafeno e seu possível modo de descarte”. Ambas têm 16 anos e cursam o terceiro ano do Ensino Médio. “O grafeno é um nanomaterial retirado do solo. Desde 2020, ele é fabricado industrialmente, com grandes expectativas para o futuro”, explica Yasmin.
Atualmente, ele compõe placas fotovoltaicas que absorvem a energia solar, leds dobráveis e baterias. “As propriedades são assustadoras por serem 200 vezes mais fortes que o aço e extremamente leves. Um carro feito de grafeno, por exemplo, pesaria apenas cinco quilos. Ele também possui propriedades óticas e alta conectividade elétrica”, aponta Yasmin.
Além dos benefícios, no entanto, pesquisas apontam para os malefícios do grafeno, como aceleração na digestão e má formação de fetos. “Pesquisas com ratos e nematelmintos mostraram que o grafeno é combatido no organismo como uma célula cancerígena”, diz a estudante.
Dessa forma, seu descarte deve ser cuidadosamente pensado. “Ele é muito volátil em água e se dispersa muito rápido, assim, em contato com mares e oceanos, tem características de grandes poluentes. Para amenizar o problema, já se analisa o uso da água sanitária, mas seu descarte adequado ainda é pouco estudado”, constata Manuela.
Com o trabalho investigativo, as alunas foram selecionadas para Febrace. “O que pesou foi a inovação do tema, pouco abordado, com pouca pesquisa científica; um projeto precursor. A inovação, numa temática que envolve sustentabilidade, é muito bem-vinda”, destaca a orientadora do projeto, Fernanda Toscani, professora de Biologia.
“Precisamos sempre movimentar a curiosidade de nossos alunos e a Ciência é movida por isso, por seu potencial investigativo. Então, propor desafios, apresentar situações-problemas, mostrar o impacto que a pesquisa científica promove na vida em sociedade, é o estímulo que temos no Positivo, tendo a Mobipe como ferramenta”, ressalta a docente.
Ansiedade e depressão na escola
O projeto sobre o grafeno foi finalista na Mostra Brasileira de Inovação, Pesquisa Científica e Empreendedorismo (Mobipe), do Colégio Positivo, que seleciona os trabalhos para inscrição na Febrace. Junto dele, a pesquisa da aluna Grazyella Luna Barlatti Fernandes, de 14 anos, estudante do primeiro ano do Ensino Médio. O tema: “Ansiedade e Depressão no Contexto Escolar”.
Grazyella conta que a motivação foi perceber o quanto o assunto ainda é tabu nas escolas. “Eu tinha amigos com o problema e quis explicar o que é essa doença, como ela afeta o cérebro. Transtornos mentais são complexos, mas é um tema que me fascina”, revela a estudante, que pretende cursar Medicina.
Na pesquisa realizada por Grazyella, focada nos alunos do 9.º ano, foi avaliada a influência do ambiente escolar na saúde mental do adolescente. “O processo de investigação científica foi incrível. Poder investigar de forma aprofundada um tema tão interessante, foi ótimo. Também me ajudou a ser mais empática com quem sofre de transtornos mentais, entender que há coisas que não podem ser ditas e acionar gatilhos”, comenta.
Pandemia, amadurecimento e hormônios são algumas das alterações que vieram juntas, nos últimos anos, para os adolescentes. “Diante de tantas mudanças, nosso cérebro está se tornando adulto junto com o nosso corpo; isso tudo deixa os adolescentes vulneráveis para desenvolver esses transtornos”, analisa a estudante.
Para o questionário, Grazyella usou perguntas aprovadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o Self Report Questionnaire 20 (SRQ-20). Nas respostas, foi possível perceber que a maior parte dos entrevistados apresentava sinais de ansiedade e depressão, e acredita que o assunto deve ser mais abordado em casa e na escola. “Segundo os resultados obtidos pelos questionários aplicados aos alunos, eles realmente querem aprender mais sobre estes transtornos, seja para ajudar a si mesmos ou para ajudar o colega”, observa a professora Larissa Barony, orientadora do projeto.
“Percebemos o quanto eles querem que a escola e a família assumam o papel de mediadores e discutam abertamente sobre o tema. Caso contrário, eles irão buscar informações por conta própria e em fontes que podem não tratar o assunto com a devida complexidade e seriedade. A escola precisa de mais projetos como esse para empoderar o aluno e dar a ele ferramentas para cuidar de sua saúde mental”, conclui a professora.
Febrace
A Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace) é um movimento nacional de estímulo ao jovem cientista, que anualmente realiza uma grande mostra de projetos na Universidade de São Paulo (USP). A intenção é incentivar a criatividade e a reflexão em estudantes da Educação Básica por meio de projetos com fundamento científico, nas diferentes áreas das Ciências, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática. A mostra de 2022 será on-line, entre os dias 14 e 26 de março, e conta com 497 projetos finalistas, de 24 estados. www.febrace.org.br
Sobre a Mobipe
A Mostra Brasileira de Inovação, Pesquisa Científica e Empreendedorismo (Mobipe), do Colégio Positivo, expõe experimentos científicos de diferentes áreas do conhecimento, com projetos de alunos do Ensino Fundamental II, Ensino Médio, Técnico e de cursos pré-universitários, do ensino público e particular de todo o Brasil.
Os próprios alunos escolhem um tema de relevância social, ambiental ou tecnológica e trabalham a pesquisa, desde os levantamentos bibliográficos e de campo, passando pela coleta de dados, experimento e análise de resultados, tratamento de informações, até a conclusão, montagem do painel de apresentação e finalização do Diário de Bordo – a memória de todo o projeto. Depois da apresentação, arguição e avaliação, os projetos que se destacaram no evento pelo teor científico, pela abordagem criativa e/ou inovadora participam de uma banca de professores que seleciona um ou dois projeto (s) - conforme determinação da Febrace - para representar o Colégio Positivo neste evento que é o maior do gênero no país.
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