“O Novo Ensino Médio traz um olhar para o estudante como um ser humano completo, com interesses diversos, vivências únicas e muitas escolhas a fazer. É normal que o discurso pareça muito teórico, mas a verdade é que esse novo modelo de ensino vai acontecer principalmente na prática”, explica a coordenadora editorial do Sistema Positivo de Ensino, Milena Santiago Passos Lima. Ela enumera cinco detalhes que os pais - e alunos - precisam saber sobre o currículo que vão encontrar a partir do ano que vem.
Vínculo com o futuro profissional
Embora sejam muitos os pontos que mudam com o Novo Ensino Médio, um dos principais é o vínculo com as carreiras profissionais. Muitos pais e mães dos estudantes que vão começar o Ensino Médio passaram por uma fase de valorização do ensino técnico que ocorreu até perto dos anos 2.000. Ainda que muitos desses pais não tenham seguido carreira no curso técnico, é notável o quanto essas vivências foram importantes. Milena lembra que “a nova proposta vai trazer essas vivências para todos os alunos. Com o passar dos anos, os vestibulares começaram a estrangular o currículo do Ensino Médio. Afinal, era preciso escolher entre se formar técnico ou se preparar para o vestibular”, narra a especialista. Agora, há uma retomada das práticas com o objetivo de conectar o estudante à realidade do mundo do trabalho que o cerca e do qual ele precisará fazer parte em pouco tempo. “Essas vivências vão muito além do ensino técnico e certamente valorizarão o vínculo com as carreiras”, completa.
Projeto de vida é parte do currículo obrigatório
Ter um olhar para o estudante que vá além da sala de aula já é rotina para muitos professores. A novidade é que, com as mudanças do Ensino Médio, o projeto de vida passa a ser parte do currículo obrigatório das escolas. Ou seja, “o olhar para a trajetória pessoal e profissional do aluno não estará apenas em ações periféricas, com projetos ou oficinas, por exemplo. O projeto de vida será como uma aula. Ali, o aluno terá orientação para se organizar, entender como atingir objetivos, preparar uma rotina de estudos, aprender com grandes biografias, conhecer melhor sua futura profissão”, resume Milena. Ela explica que hoje esse é um conhecimento informal, muitas vezes citado como “a escola da vida”, mas esse tipo de aprendizado também pode ser sistematizado e levado para a sala de aula.
Mais tempo na escola
Com tantas novas atribuições que chegam para a escola, os professores e equipes pedagógicas precisam, no entanto, de tempo. Na prática, isso se traduz em uma chance de que os estudantes precisem passar mais horas por dia no ambiente escolar para dar conta de todos os conteúdos teóricos e também das novas práticas. Mas isso não significa necessariamente que eles passarão o dia todo com os livros abertos, estudando. “Os pais precisam compreender que essa mudança de horários vai acontecer, mas o tempo a mais na escola será um tempo para que os filhos apliquem o conhecimento e sejam capazes de analisar situações complexas”, afirma Milena.
O estudante como protagonista
Um dos pontos que chamam a atenção na proposta é a questão das disciplinas eletivas. A educadora destaca que o principal objetivo dessas disciplinas não é que o aluno escolha as vivências que vai ter, mas que se torne um protagonista real da própria trajetória acadêmica. “O objetivo é que ele se coloque no centro da própria aprendizagem, que desenvolva uma autonomia que não é apenas aprender a estudar sozinho, mas compreender que cabe a ele desenhar esse futuro”. E essa é uma compreensão que precisa ser continuada também fora da escola, em casa, com os pais soltando um pouco a mão dos filhos na hora de resolver conflitos com colegas e professores, por exemplo.
O mundo muda e a escola muda com ele
A reformulação de currículos escolares é uma constante necessária. O mundo evolui, a tecnologia transforma a maneira como as pessoas vivem e se relacionam e isso empurra a escola para esse ciclo constante de evolução, também. “Essa é uma questão importante. A educação muda porque o mundo muda e precisamos acompanhar. As profissões estão se remodelando, as exigências do mundo do trabalho são diferentes do que eram há dez ou 20 anos. Para que uma pessoa seja competente, hoje, é preciso ter esse conjunto de hard skills e soft skills. Isso é o que o Novo Ensino Médio propõe, na verdade: uma formação mais completa do ser humano”, finaliza.
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